Para ler ouvindo…
De onde eu venho, a relação com a comida é das coisas mais bonitas que se pode ver. Minha avó materna fazia bolinhos amassados à mão, com feijão e farinha, tal qual essa querida faz nesse vídeo. Minha mãe cozinhava arroz com beterraba (e ele ficava lindo) para mim e pro meu irmão. Uma prima fazia biscoitinho de cebola e uma minha avó paterna é dona do melhor pavê que já comi. Um tio me ensinou a tomar uma taça de vinho do porto e a comer comidinhas com molho.
Meus pais, no auge da rebeldia dos seus 20 poucos anos, tiveram um restaurante de comida natural no Rio Vermelho, em Salvador. Se chamava Terra21 - quando leio esse nome fico pensando no quanto ali havia um desejo de, no século 21, termos transformado a forma com que pensamos sobre comida. Legal, né? Mas, infelizmente…sinto que não mudou muita coisa desde então. Ainda descontamos a vida na comida - e tentamos compensar as nossas frustrações comendo o cansaço do fim do dia.
Algumas pessoas optam por comer de forma meio transtornada, meio que se xingando por estar comendo, sabe? Tipo ‘vou comer mesmo e no resto da semana eu compenso’ ou ‘hoje é dia do lixo’…essas falas nos afastam do prazer de uma refeição - seja ela qual for, e nos aproximam mais da punição. Basta uma pessoa começar o discurso de ‘comi demais’ e um coro acompanha!
Mas ó, a gente pode parar esse ciclo violento, tá?
Quando você notar algum movimento parecido com os que citei acima, chega junto, interrompe aquela conversa. Convide as pessoas para refletirem sobre como estão falando sobre algo que as nutre e mantém vivas! E, se você for mulher, por favor, faça isso duas vezes. Por você e por todas nós. Repense a forma que você tem se tratado em relação a comida - nós carregamos uma culpa quase que católica quando comemos, quando sentimos prazer em comer e não é nada legal cometermos esse tipo de violência com os nossos corpos, com a nossa saúde mental.
Temos um combinado? Espero que sim!
Let´s bora de diquinhas?
📽️ Pro sofá
Falei aqui sobre maratonar os filmes do Oscar e tô levando a sério a minha auto missão. Então hoje eu quero recomendar dois filmes:
- Tudo em todo lugar ao mesmo tempo: uma explosão mental, emocional, física. Todo mundo que converso tem uma perspectiva diferente sobre ele - ou, usando a linguagem que ele tem, cada pessoa tem o seu próprio universo. Assista!
- Triângulo da Tristeza: uma pegada o capitalismo tá afundando feat White Lótus feat não tô entendendo nada. É bom, mas é doido e até chato, mas é bom. Ps: não coma antes de assistir, a parada é meio escatológica.
🥘 Deu fome?
Longe de mim ser um ás na cozinha, mas às vezes arrisco e dá certo! Na semana passada decidi fazer essa receitinha fácil (prometo) e deliciosa do Rafull Torres, um Parpadelle de cebola caramelizada que fez um sucesso grande aqui em casa. Experimenta e me diz o que achou? Ps: se atente ao passo a passo direitinho, principalmente quanto ao ponto da carne e saiba que a cebola demora para chegar no ponto.
⭐Ajuda aê
Talvez você não saiba, como eu não sabia, que dá para organizar mensagens no whatsapp. Bom, né? Nesse post a Thais Godinho nos ensina a usar melhor esse app que se tornou indispensável para a vida moderna (?), fazendo com que ele trabalhe a nosso favor. Bora de etiquetar?
E é isso por hoje! Escrevi essa edição lembrando de um filme incrível, A festa de Babette, que fala sobre comida e como podemos nos envolver melhor com ela. Também tem Como água para chocolate e Estômago, brasileiro, que são surreais de bom e falam sobre comer - recomendo demais todos e espero que, de alguma forma, eles te ajudem a pensar quem é você quando come - e como come.
Um abraço doce,
Ane Melo
Ps: se você tiver indicações de filmes/podcasts e livros legais sobre o tema deixa aqui nos comentários? =]
No bloquinho…